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Luiz Zerbini

 

Luiz Zerbini (São Paulo, 1959). Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

No início de sua carreira, no começo dos anos 1980, Luiz Zerbini exibe uma produção de pintura hiper-figurativa, em telas que apresentam cenas de inspiração surrealista. O artista utiliza então a fotografia em colagens, concebidas como estudos para telas de grandes dimensões. Posteriormente, realiza auto-retratos nos quais se apresenta envolto em uma profusão de cores e imagens. Pinta também retratos de pessoas amigas, sempre imersos num mar de cores e referências que dão um caráter pop e solar às suas telas. Artista de grande virtuosismo, Zerbini não se deixa levar pelo caminho mais fácil, e sua pintura passa por grandes modificações a partir da metade da década de 1990. Do figurativo para o mais abstrato, sem perder uma veia solar, o artista surge, no final dos 1990, com a série “Pinturas Dentro D’água, utilizando a técnica chinesa na qual o papel é tingido embaixo d’água. Logo depois a paisagem e os gráficos musicais surgem como inspiração para a pintura. Telas somadas a vidros e acrílico criam efeitos ópticos inesperados. Em pinturas recentes, de tom cinza chumbo, quase prata, o artista cria um espelhamento que nos dá a ver o entorno, criando enigmas visuais que geram um frescor provocativo para o campo da pintura.

Desde 1995, Zerbini faz parte do grupo Chelpa Ferro, dedicado a investigações sonoras e visuais, do qual fazem parte o artista Barrão e o editor de imagens Sergio Mekler. Em 1984 integrou a histórica mostra - “Como Vai Você, Geração 80?”, na EAV/Parque Lage, Rio de Janeiro. Fez parte da 19ª Bienal de São Paulo, 1987.

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Os artistas Luiz Zerbini, Jorge Teixeira, o Barrão, e Sergio Mekler formam o Chelpa Ferro. Exposições em Londres e na Bienal de Veneza

Revista BRAVO! | Fevereiro/2009

Rompendo o Silêncio das Galerias

Misturando artes plásticas e música, O Chelpa Ferro se tornou um dos principais coletivos da América Latina. Neste mês, o grupo está em duas exposições, uma em São Paulo e outra em Belo Horizonte

Por Bruno Moreschi

 

• Assista a performances barulhentas do coletivo

Quando beiravam os 20 anos, três rapazes se conheceram. A amizade cresceu e, em 1995, montaram uma banda de sons estranhos sem que nenhum deles soubesse tocar nem sequer um único instrumento. Era um projeto coletivo meio de brincadeira do pintor Luiz Zerbini, do escultor Jorge Teixeira, o Barrão, e de Sergio Mekler, que mexia com vídeo. Na performance, eles misturaram sons já gravados numa harmonia estrambótica. Inesperadamente, a confusão deu certo. Os ouvintes pediram um show — o que fez os não-músicos tremerem nas pernas. Artistas plásticos que eram, acharam rapidamente a solução: se não podiam tocar ao vivo, criariam objetos para reproduzir seus sons em exposições. Nascia assim o trio Chelpa Ferro, um coletivo de artes (termo que resume a união de criadores unidos por uma mesma proposta) que irradia barulhos entre as paredes costumeiramente silenciosas de museus e galerias.

Hoje na faixa entre 40 e 50 anos, Mekler, Zerbini e Barrão são não só o mais conhecido e criativo coletivo de artes da América Latina, mas também nomes dos mais promissores da arte contemporânea brasileira — daqueles raros que não precisam usar estereótipos nacionais como muleta para fazer sucesso nas principais capitais culturais do mundo. Eles já mostraram seu trabalho em Londres, Madri, Berlim e na 51ª Bienal de Veneza. O primeiro semestre deste ano promete ser deles. Neste mês, o Chelpa Ferro apresenta seu trabalho em dois locais: no Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte, até 25 de fevereiro, e na Pinacoteca do Estado de São Paulo, até a segunda quinzena de março. Em meados de junho, um documentário sobre o coletivo será lançado pelo diretor Carlos Nader.

Uma das características fundamentais do grupo é o apreço pelo acaso. Em um de seus primeiros trabalhos, os artistas colocaram periquitos-australianos numa gaiola ligada a caixas de som, mas eles não cantavam tanto quanto esperavam — fato que não foi considerado um contratempo. Em Unidade Móvel Chico, construíram um quarto com secretária eletrônica que recebia recados de gente interessada por anúncios colocados pelo trio nos jornais. Entre as ofertas: "Eu quero ouvir sua voz, me liga!". Na abertura lotada da Bienal de São Paulo de 2002, o coletivo colocou um carro Maverick 1974 no térreo. A ideia era destruí-lo a marteladas. Tinham dúvidas se a plateia iria interagir. Interagiu — e como. Alguns empolgados até pularam no capô do veículo. Tudo de acordo com a proposta musical do grupo — a lataria amassada mostrou-se um excelente instrumento rítmico.

Na instalação em cartaz na Pinacoteca, o trio construiu um totem de 3 metros de altura com caixas de som. Preso por cabos de aço, o objeto sobe até o teto do museu, depois desce até um cilindro de madeira simulando barulhos tão díspares quanto bolas quicando numa quadra de futebol de salão e gritos estridentes. O resultado impressiona. O caos sonoro irradia-se pelas nobres salas do local e cria uma obra que vai até onde se pode ouvi-la. Na última semana de janeiro, enquanto ocorria a montagem da instalação, os três se perguntavam se ela iria mesmo entrar no cilindro sem nenhuma batida brusca. Em vez do temor, era nítida a expressão de excitação com o que estava por vir. No Museu da Pampulha, ligados a 13 vasos, alguns fios acionam alto-falantes que emitem vozes humanas sinistras.

A aproximação das artes visuais com a música não é exclusividade do trio. Na Bienal de São Paulo do ano passado, o público pôde ver o trabalho de coletivos como o norte-americano Fischerspooner, cujos integrantes investem em efeitos visuais enquanto tocam música eletrônica, e Los Super Elegantes, que reinterpreta músicas latinas de forma kitsch. O Chelpa Ferro, porém, difere desses e de outros coletivos porque Mekler, Zerbini e Barrão parecem não ensaiar — improvisação aparente, pois há método e escolhas nos trabalhos. Uma banda assumidamente estranha que vive de um som afinado pelo inesperado.

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