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Cleópatra, de Júlio Bressane

Musica: Guilherme Vaz



Por Paulo Ricardo de Almeida

Publicado em 16 de Junho de 2008

Cleópatra (idem), de Júlio Bressane, 2008, Brasil.

Júlio Bressane precisa somente de dois planos, em Cleópatra, para contextualizar as relações políticas entre Roma e Egito no século anterior à era cristã. No primeiro, o Farol de Alexandria se ergue falicamente, símbolo da união sexual e estratégica da rainha Ptolomaica tanto com Júlio César, quanto com Marco Antônio. No segundo, a cabeça de Pompeu Magno  - presente ao futuro ditador perpétuo romano - jaz decepada no prato, síntese dos acontecimentos que precipitam o fim da República e o começo do Império: a guerra civil de Pompeu contra Júlio César; a ascensão e o assassinato de César pelo Senado; a partilha de Roma entre Lépido, Marco Antônio e Otávio; a nova guerra civil, que opõe Marco Antônio a Otávio, Oriente ao Ocidente; a vitória de Otávio, nomeado Augusto, primeiro Imperador. 

Litoral carioca se transforma no Mar Mediterrâneo em Cleópatra, de Júlio Bressane.

Filme sobre a decadência do mundo romano, embora Bressane quase não abandone os interiores - salvo quando transforma o litoral carioca no Mar Mediterrâneo, eixo econômico da Antigüidade que banhava Alexandria, capital da Dinastia Ptolomaica a que pertencia Cleópatra. Da mesma forma que em A Inglesa e o Duque e em O Agente Triplo, ambos de Eric Rohmer, os personagens, em vez de interagirem diretamente com a realidade, verbalizam sobre o cenário político em que estão imersos, o qual o cineasta não representa através de imagens, mas pelos sons que invadem o quadro: durante Cleópatra, escutam-se as Legiões que marcham por Roma, as espadas que se batem na guerra, ou a serpente que envenena a rainha egípcia.

Os cômicos senadores da República, de maquiagem afetada e com gestos típicos do cinema pastelão, atestam, para César, - Miguel Falabella retoma o personagem Caco Antibes, do humorístico televisivo Sai de Baixo, em vertente mais cínica e amarga - a imundície da vida mundana: o título de imperador já não lhe serve, mas apenas o de rei, que o iguala aos deuses.  Marco Antônio, de início casado com Fúlvia e, depois, com Otávia (nobres “de testas altas e de rostos redondos”), não se basta com as posições sociais estabelecidas de líder político, de general e de marido não bastam, de modo que envereda pelos instintos básicos e primitivos do corpo - sobretudo na luxúria irracional e inconseqüente, como Baco. Quando se tornam amantes de Cleópatra, Júlio César e Marco Antônio também se deixam seduzir pela onírica e inebriante atmosfera egípcia - das luzes azuladas e da câmera elegante da fotografia de Walter Carvalho -, que incendeia a contestação da Ordem romana vigente.

Cleópatra: refúgio na Biblioteca de Alexandria.

Cleópatra, para Júlio Bressane, representa a quebra da estrutura masculina clássica de poder e de dominação. A mulher que guarda em si todo o universo, a vagina enquanto reflexo do cosmo, a alteridade misteriosa e indecifrável que desafia milênios de racionalismo eurocêntrico. A rainha, além de erótica, mostra-se hábil governante, que professa a tolerância religiosa e cultural (a seqüência em que acolhe os judeus no Egito). Na extraordinária interpretação de Alessandra Negrini, a personagem se destaca por sua elevada cultura e erudição: poliglota e multidisciplinar, que busca refúgio entre os manuscritos da Biblioteca de Alexandria, epicentro do saber na Antigüidade. A própria Cleópatra se define a síntese entre Ocidente e Oriente, Atenas e Alexandria, Vênus e Ísis, lógica e sentimento - vida intensa que se rebela contra a tirania dos medíocres e dos conformados, que não arriscam, não inovam e não se apaixonam.

Os excessos de Cleópatra, no entanto, acabam por condená-la à loucura e à solidão, uma vez que, com as mortes de Júlio César e de Marco Antônio, restam somente homens cujos espíritos pobres e cérebros tacanhos não aceitam, temem e debocham das novas experiências que a rainha egípicia lhes propõe. Talvez o filme de Bressane incomode por atacar diretamente a insensibilidade alheia.













GUARDIÕES DA FLORESTA




INOPSE: Viver no Interior da Floresta Amazônica, ás margens de um rio e da civilização. Cultivar a terra e os deuses da terra. Cultuar o Santo Daime, uma bebida preparada com ervas nativas e seguir os ensinamentos de Sebastião Mota de Melo, “padrinho” fundador da Comunidade Céu do Mapiá. São experiências fascinantes, vividas pelos GUARDIÕES DA FLORESTA, e que trazem para nossa reflexão, uma nova proposta de vida e de mundo.

DIREÇÃO: Sérgio Bernardes
FOTOGRAFIA: Tuker Marçal
EDIÇÃO: Marco Valério
MÚSICA ORIGINAL: Guilherme Vaz
CO-PRODUÇÃO: Sérgio Bernardes
FORMATO: U-MATIC
DURAÇÃO: 52 minutos
ANO DE REALIZAÇÃO: 02/90
APOIO: BRB

 








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